Crédito: satodobrasil
Por Redação Promenino.
Nas horas mortas da madrugada,
acontece muita coisa no Brasil. Na calada da última noite, o Congresso
Nacional, liderado por Eduardo Cunha (PMDB), votou a redução da maioridade penal um dia após a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 171 ter sido derrotada em plenário. Ao todo,
513 deputados, em sua imensa maioria homens, brancos, com mais de cinquenta
anos, protagonizaram um golpe na democracia e no futuro da já tão vulnerável
juventude brasileira.
Basta olhar para os dados: quase
metade (46%) dos adolescente entre 16 e 17 anos mortos em 2013 foram
assassinados. É o que comprova o Mapa da Violência, estudo coordenado pelo sociólogo Julio
Jacobo Waiselfisz e divulgado na segunda-feira (29/06).
Na Região Nordeste, que lidera a
lista, são 73,3 jovens mortos a cada 100 mil, no mesmo período. “A taxa
brasileira é 275 vezes maior do que a de países como Áustria, Japão, Reino
Unido ou Bélgica, que apresentam índices de 0,2 homicídios por 100 mil. Ou 183
vezes maior que as taxas da Coreia do Sul, da Alemanha ou do Egito”, aponta o
estudo. Para 2015, projeta-se que 3.816 adolescentes dessa idade sejam mortos
no país.
Se você é negro, as chances de
morrer são três vezes maior do que se você for branco: 70% das vítimas de
homicídio no país são negras, avisa a Anistia Internacional, que mantém a campanha Jovem Negro Vivo. Dos 21 milhões de adolescentes
brasileiros, apenas 0,013% cometeu atos contra a vida, enquanto os homicídios
representam cerca de 37% das causas de morte na juventude. Para a população total, a porcentagem é de 4,8%.
Quem assistiu à votação, passou ao
largo dessas informações. Quem acompanha o processo, teve que aguentar uma
suplício de retóricas chantagistas e emotivas, e uma constante evocação aos
cidadãos e cidadãs de bem do país. Faltavam dados que justificassem a alteração
constitucional, sobravam gritos. Na ausência de bons argumentos, sobrava a força das coligações
políticas e dos conchavos entre congressistas. Afinal, os jovens brasileiros
são muito mais vítimas da violência do que agentes.
A PEC 171 ainda tem que passar por
mais uma votação na Câmara, ao sabor da volatilidade e conveniência dos
deputados, e pelo Senado Federal. A emenda constitucional, então, será
submetida ao Superior Tribunal Federal
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